sábado, 25 de setembro de 2010

imergência

    A noite a fazia pensar. Pensar em si mesma e em sua vida. Pensar onde realmente estava naquele momento. Pensar nele. Ele que estava ao mesmo tempo tão perto e tão longe. E ela sabia disso, porque era isso que mais a afligia. A fraqueza dele a irritava; a fraqueza dela fazia escorrer lágrimas por suas bochechas. Ela não se preocupava em chorar naquele momento, mesmo cercada de pessoas que a conheciam, ninguém estava atento nela. Estavam todos imersos na escuridão. Ela também desejava estar, mas sua corrente de pensamentos não estava deixando. Pensamentos estes que nem ela conseguia organizar. Entendê-los sempre fora tarefa árdua, e naquele momento resolvera tornar-se pior.
    A lua ela não conseguia enxergar, e seu maior amigo e consolo em momentos de lágrimas estava longe dela no momento. Ela fechava seus olhos e eles se abriam novamente. Cravara-se uma luta nesse momento. O movimento que havia ali, pelo menos, embalava-a, fazendo-a se sentir como uma criança sendo ninada. Era uma boa sensação. E quando ela pensava nisso e se aquietava, os velhos pensamentos revoltavam-se e voltavam a ocupar sua cabeça. Cabeça que ia de um lado por outro naquele desconforto. A luta entre ela e seus olhos continuava e não tinha previsão de acabar. Mesmo se achando fraca, ela acharia força para deixá-los fechados. Força, teimosia e orgulho. Ela tinha razão, a junção dessas três características tão presentes nela venceram a peripécia que seus olhos estavam aprontando. Ela sentia ser a última a imergir na escuridão.

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