quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

conectados

     Não importa o quanto ela o queira mal, ela ainda se importa. Não de um jeito bom, consigo ver de longe, mas o velho discurso de que quando você odeia você ainda se importa está mais que válido para eles. Ou para um deles. Ela quer vê-lo sofrendo muito, tem o desejo de irritá-lo e ignora o fato de que irá sofrer junto. Pode até se tornar pior que o sofrimento dele, porque ninguém sabe ao certo se ele sabe o que é sofrer. Atingir ele pode não fazer efeito para ele, só para ela. E essa é a última coisa que ela quer, e é a última coisa que quero para ela. Tudo o que surtir efeito (mesmo em teoria) nele, surtirá (muito mais que somente em teoria) nela. Essa conexão dificilmente pode ser desfeita, esse laço parece tão inquebrável sob todos os aspectos observados, mesmo sendo ruim e fazendo mal para ela, a tal conexão continuará lá. Só há uma maneira disso tudo acabar; somente a força dela pode afastá-la dela mesma. E eu sei que ela tem essa força, eu consigo ver além do que eles veem. Vejo uma força escondida, atrás de um certo laço intocado. 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

e amanhã?

E eu não sei o dia ou a hora que isto está sendo lido, mas posso lhe garantir uma coisa: haverá um amanhã. Seja daqui dez minutos ou mais de doze horas, não interessa, já que a única certeza que temos é que o amanhã vai chegar. Para alguns essa chegada pode ser interrompida durante o caminho, mas o propósito não é esse. O fato a que quero chegar é que, mesmo sabendo que o amanhã virá, você não sabe o que virá com ele. A temperatura pode mudar drasticamente com frentes quentes e frentes frias aparecendo de todos os lados. Seu humor tanto pode despencar em uma questão de segundos como pode dar uma guinada de uma forma inacreditável até para você. Você pode sentir fome como nunca antes ou pode passar o dia todo enjoado. O que está a caminho pode ser o dia em que você mais distribuirá sorrisos ou o dia em mais precisará fingi-los. As lágrimas aparecerão? Verá alguém além de seu próprio reflexo? O que será de você quando o amanhã chegar? O que eu mais queria era a percepção de que planos podem ser feitos, mas então que não sejam seguidos a cada passo dado. Aprenda a se arriscar, ser feliz sem planejamento, surpreender-se, seja essa surpresa boa ou ruim, não importa. Nada importa, você não sabe o que vai acontecer amanhã. Nessa viagem que todos entramos sem pedir, nada é garantido. Não perca mais tempo, o amanhã está mais próximo agora que quando você começou a ler esse texto.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

uma boa garota quer um relógio

    Quando chega essa época, não consigo escapar de velhos hábitos. Os pedidos ficam constantes e os agradecimentos são praticamente esquecidos. Erro meu, tenho plena noção, mas um mundo inteiro se une com um mesmo objetivo, o de celebrar uma época que contagia até aquele que não crê. Uma época como essa não pode ser desperdiçada. Venho por meio deste, então, deixar transparecer minha crença na magia. Ria, eu não me importo. Eu acredito na áurea que surge com o início do mês e isso me dá o direito de pedir. Ou você ainda achava que seus pedidos se tornariam reais após você gritar aos sete ventos que não acredita em nada disso? Doce ilusão de natal, meu caro.
    Falando nisso, essa é a hora. Tudo está tão material ultimamente, os pedidos resumem-se em carros e casas, viagens e dinheiro em abundância. A saúde está sendo deixada de lado, e junto com ela a educação e a qualidade de vida. Parece-me que a cada dia que passa cresce o número dos que trocariam seus conceitos de boa vida. Por dentro nada mais importa, afinal o coração é só algo que faz você viver. Só.
     Vou me contradizer, mas prometo me explicar. Eu não sei se fui uma boa garota esse ano. Sinto que fui, se for ver superficialmente. Na escola, passei de ano; em casa, ajudei no que pude; fiz novos amigos, conheci novos lugares e fui muito feliz. Definitivamente isso pode ser considerado algo que uma boa garota faria em um ano. Mas eu passei disso... tudo que vivi esse ano - e que ainda não acabou, eu juro - foi muito mais que simplesmente 'bom'. Quero viver duas vidas no próximo ano, revivendo tudo que passei e escrevendo meu novo caminho. Eu posso?
    Não.
    Eu sei. E preciso de algo possível...
    Quero um relógio não comum bem grande, quero pendurá-lo na parede do meu quarto. Quero ele bem detalhado, para ter a consciência de que cada segundo eu farei valer a pena. Quero ponteiros que possam passar mais rápido ou mais devagar, como e quando eu quiser. Quero ver meus momentos mais importantes gravados dentro dele. Quero as músicas que me inspiram ao invés do tic-tac usual. Quero uma tecla reversa, para que no fim eu tenha a opção de recomeçar, e, no começo, se eu simplesmente me cansar, posso pular diretamente ao fim. Quero tanto em tão pouco, e tão pouco em tanto, mas meu egoísmo me estimula a continuar querendo. Desculpe-me, não fui uma boa garota.

domingo, 5 de dezembro de 2010

um encontro

    O céu era o ponto de encontro. Melhor dizendo, o ponto de encontro parecia o céu para eles. Fazia-os sentir como se nada mais importasse, só aquele momento compartilhado. Comparava-a ao sol, sempre espalhando sorrisos por onde passava, emanando calor e energia até pros pontos mais obscuros. Sentia como se a lua estivesse com ela quando ela estava com ele, simplesmente acalmando-a com a áurea serena que passava em qualquer momento que seus olhos voltavam-se para cima. Parecia sempre tudo tão encaixado, tão feito para estar em sintonia.
    Em pouco tempo, porém, tudo se desfez. Pelo dia, nuvens encobriram o sol reluzente, fazendo daquele dia um dos que ficamos em dúvida se nosso planeta girou do jeito correto. À noite, as mesmas nuvens ocultaram o brilho da lua. A decepção de ambos foi tamanha que o sentimento se espalhou por todo céu. O pesar fez as nuvens lamentarem o ocorrido; como forma  de demonstrar tamanho arrependimento, choraram por horas e horas sem parar. Sem momento para fôlego, continuaram até a força incrível do sol fazer com que elas se afastassem. Haviam outros ali que precisavam dele e de seu calor, não podia desapontá-los e abandoná-los por um capricho sentimentalista. Era hora de ser forte. A lua, por outro lado, aproveitou a fase para sumir por uns dias. Nunca mais foram vistos juntos, completando um ao outro como sempre faziam.
    As nuvens estiveram sempre com a plena consciência de que causaram todo aquele desentendimento. Seus egos, porém, não deixavam que se desculpassem. Apareceriam uma vez ou outra, mas se sentiam tão culpadas que não tinham mais tanta coragem de ofuscar qualquer um dos brilhos. Sabiam que pelo dia todos percebiam o quanto elas podiam ser cinzas e rabugentas; e pela noite, denunciavam-se na falta dos pedaços de lua espalhados por todo o céu escuro.
    Até que um dia, quando nenhum dos dois estava muito lembrado de todo o ocorrido, as pesadas nuvens decidiram unir suas forças para a junção dos dois pólos. Apreensivas, fizeram de tudo para que seus planos se confirmassem e, exatamente na metade do caminho e do tempo, quando os dois supostamente sempre se viam de longe, as persistentes nuvens fizeram-nos um encontro. Até hoje ninguém sabe o que foi; a teoria de muitos é de que os dois sumiram juntos, enquanto outros poucos acreditam na junção dos dois em um só por um curto espaço de tempo. Cabe a você olhar para o céu, que um dia foi totalmente deles, e decidir seus destinos. Escolha entre o ápice e o obscurecimento. Batize o encontro que as nuvens sempre chamam de eclipse.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

fechado para balanço

E esse primeiro dia do último mês não parece perfeito para um balanço geral? É o dia certo para abrir aquela lista de resoluções de Ano Novo que você fez no último dia do ano que passou. É só para mim que isso parece ontem? É hora de ver se seus objetivos foram cumpridos, é hora de ver o que você deixou de fazer. O que aconteceu para tantas coisas ficarem perdidas somente na promessa de serem feitas? Algo lhe impediu. Ora se não foi você mesmo! Veja se não faltou vontade nesse ano que passou; nenhuma promessa cumpre-se sozinha. Não comece a pensar nas promessas que virão, ache tempo para cumprir as que ainda estão pendentes. Você ainda possui 31 dias. Mexa-se. Afinal, chegou o primeiro dia realmente próximo do fim. Olhe para si e veja se está pronto para adentrar em mais um desafio de mais um ano. Pense no que virá. Certifique-se do fato, e isso eu posso lhes garantir, que seu ano vai ser muito mais do que você pensa; tudo o que você pensou que pode acontecer, acontecerá em proporções bem maiores. Esteja preparado. Pense que esse pode ser o melhor ano que você já viveu. Esteja ciente de que algo pode torná-lo o mais doloroso. Concentre-se em manter apenas as pessoas que lhe fazem algum bem perto de você. Resolva suas pendências. Não adentre o novo ano com inimigos, um novo ano não merece velhos desentendimentos. Fortifique-se para novas batalhas, saiba que a guerra não acabará nesse novo ano. A guerra nunca acabará. Mesmo após seu último fechar de olhos, alguém permanecerá lutando por você. Lute por você e por ele também. A guerra não terá um fim próximo, a luta pode fazê-lo cansar. A primeira visão pode desanimá-lo, nem tudo vai sair como suas esperanças. Porém não se preocupe tanto, mesmo passando por maus bocados, no próximo primeiro dia do último mês você parará novamente. Não no mesmo lugar nem do mesmo jeito, muito menos com os mesmos pensamentos, mas você parará. Fechará suas portas por alguns minutos e fará outro balanço. Garanto a você, que mesmo você considerando, por diversos motivos, o pior ano que você viveu até então, algo, quando lembrado, lhe fará sorrir. Nunca se esqueça de sorrir.