segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

erre

Querendo ou não (e afirmo que, na maioria das vezes não se quer) precisa-se de talento para cometer erros. Talento e competência para um erro bem cometido. Qualidades usadas para algo ruim que é necessário muitas vezes. Errar faz bem, acredite. O problema maior, e que requer máxima atenção, é como errar. Não erre a maneira de errar, não abuse na dose e não abuse da sorte. Um erro premeditado é também um bom erro. Só não erre o quão errado quer estar... sirva para errar, tenha a audácia necessária, tenha coragem. Erre, campeão.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

maré (em) alta

Sentada na areia, consigo imaginar. Vendo o mar, consigo flutuar. As pessoas passam por mim, mas eu não as vejo realmente e sinto que estou somente em companhia dos meus pensamentos. Sinto o vento levantar meus cabelos e roçar minha nuca, a sensação me faz sorrir. Continuo sorrindo para algo que ninguém consegue ver; sinto o cheiro que tanto me faz lembrar de tudo isso. Crianças passam empolgadas com seus baldes e rastéis, os pais olham de longe aproveitando a alegria que a cidade cinza e chuvosa não proporciona aos seus filhos. Jovens passam abraçando-se e rindo, acompanhados de cangas e pranchas. Os mais velhos caminham, com a paciência e a determinação tão usuais. Consigo vê-los, mas não me permito enxergá-los. Permito-me, apenas, enxergar-me. E envolvida nessa desafio, deixo que o tempo passe. Conhecidos passam e cumprimentam-me, aceno para, minutos depois, não lembrar se fiz mesmo isso ou para quem fiz. O sol desce ao encontro do mar, a maré sobe ao encontro dos meus pés. A água ainda aquecida do calor vespertino me aquieta ainda mais. A noite vai caindo e a lua é quem aparece. Fria, gélida e imponente. A hora de dormir é a hora da cidade acordar. Ando despercebida pela areia, seguida pelas luzes da rua e seu movimento contínuo. Caminho em direção a lugar nenhum, vendo tudo passar como um borrão à minha volta. Olho para meus pés e percebo que o que eu mais queria era que algumas histórias fossem escritas sobre a areia, para que as marcas que me assolam fossem facilmente apagadas pelo vento ou pela maré, me trazendo novamente o cheiro tão familiar.

sábado, 1 de janeiro de 2011

um

Há um dia do ano em que fazemos questão de ficarmos atentos até seu último instante, chegamos ao ponto de contar os segundos para seu final com um sorriso no rosto. Mas ele é simplesmente o último do ano. Pergunto-me, em alguns momentos, por que não conseguimos fazer isso todos os dias de nossas vidas. Agradecemos com tanta veemência pela chegada de um dia, enquanto os outros 364 passam voando a nossos olhos.
Em poucos minutos prometemos por todo um ano. Em todo um ano não cumprimos o que prometemos em poucos minutos.
O dia de hoje é bem quisto por quase todos, mas ninguém pode dizer o que ele tem de tão especial. É entendível o fato de ele ser o primeiro, mas temos um primeiro dia a, aproximadamente, cada 30 dias. Pode ser visto também como uma nova chance de começar, mas ganhamos essa chance a cada abrir de olhos. Aproveitemos isso então, cada um dos 86400 segundos que nos são dados; façamos desse novo ciclo, oportunidades; e transformemos no glorioso trinta e um de dezembro e primeiro de janeiro, cada fusão de dias que temos pela frente.