sexta-feira, 3 de setembro de 2010

também sei chover

    Era mais um dia chuvoso naquela semana. O que era estranho porque chuva era algo raro em nossa região. Foi nisso que eu fiquei pensando enquanto saía de casa para encontrar com ele. Meus passos eram inaudíveis, as gotas caindo sobre o guarda-chuva novo, que tinha comprado há somente dois dias, simplesmente pelo fato dessa chuva repentina.
    Nunca gostei de chuva, ela me entristecia. Por isso saí de casa e caminhava em direção da casa dele. Eu sabia que isso não mudaria meu humor. É claro que eu gostava dele, mas me doía vê-lo naquele estado. Mas eu devia ir lá, devia isso a ele e a tudo que ele me fizera até então.
    A chuva estava começando a aumentar, já estava molhada até meus joelhos. Queria de volta o tempo seco, mas sentia que a chuva estava me mandando um recado. Eu realmente sentia isso.
    Cheguei na casa dele. Entrei e tropecei em uma caixa. O que significava aquilo? Fui direto ao seu quarto, percebendo que haviam mais caixas pelo caminho. Não me importei em molhar a casa toda. Entrei bruscamente. Ele havia levantado da cama, porém todos aqueles tubos ainda estavam conectados a ele. Odiava ver aquela cena.
    - Eu sabia que você viria. - foi a única coisa que ele disse. Fiquei paralisada, ele estava sem força até para falar, mas mesmo assim estava de pé. O que significada aquilo? Ele tentou falar de novo. - Sabia que você entenderia meu... - A voz saiu baixa, não consegui entender o final.
    - O que você disse? - cheguei mais perto.
    - Meu sinal, sabia que você o entenderia.
    Sinal? Mas que sin..?
    - A chuva... - consegui balbuciar.
    Ele sorriu, um sorriso fraco, não era mais o sorriso que tanto adorava. Ele então passou por mim, beijou minha testa e saiu. Saiu para não voltar. Foi a minha vez de chover.

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