terça-feira, 21 de setembro de 2010

pac coragem

    Há pássaros sobre as pedras e uns voando rente ao mar. Passando pela orla sonho em ser como eles, em voar como eles. O céu está de um azul estonteante e sem nuvens, o sol reluz como nunca antes. Não está quente, sinto o calor em minha pele, mas ele não me faz suar. O vento sopra constantemente e torna o clima ainda mais agradável. O mar cintila como se cada gota salgada fosse um olho brilhando de felicidade. Ao mesmo tempo que me cega, me encanta. Estou a beira mar, mas não vou pela areia. Não há areia, nada de praia. Somente o mar e a calçada por onde vou sem destino algum. Passo pelas pessoas rapidamente, pedalo como se não houvesse nada mais a se fazer. Mais gente faz como eu, outros preferem ir mais devagar, caminhando. Eu gosto mais de velocidade. O cheiro de mar me deixa extasiada. Sinto o ar perfumado descer até meus pulmões. Vou me aproximando cada vez mais da ponte. Majestosa ponte, imponente e solitária, que não permite que nada nem ninguém passe por ela. Os carros passam, então,  pela estrada causando o único ruído que ouço além do cantar dos pássaros. Mas eles passam rapidamente, a avenida não deixa andar devagar nem estacionar, o que garante minha tranquilidade de pedalar sozinha. Aumento minha velocidade, sinto cada vez mais a sensação de estar voando. Fujo cada vez mais rápido de algo que não quero encontrar. Saí de lá de repente e não quero voltar tão cedo. Queria continuar pedalando, deixando que o vento levasse minhas aflições para longe. Mas não posso. A estrada acabou, o mar tocou as montanhas e parou por ali, um trevo cheio de carros em alta velocidade a minha frente me assusta. Tenho que voltar pelo caminho onde deixei meus problemas e, como em um video game, pegá-los todos de volta para mim. E cada ponto que faria em um jogo será uma preocupação a mais. Não vou desviar mais deles, e vou achar alguns bônus de coragem pelo caminho. Precisarei de muitos deles.

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