segunda-feira, 29 de novembro de 2010

só uma questão de fechar os olhos

E é só fechar os olhos que meu mundo toma forma. Um mundo onde eu decido o que vai ou não acontecer, quem vai aparecer e quem eu simplesmente vou deixar fora de tudo. Onde eu decido quais atitudes merecem meu respeito e quais eu simplesmente posso abominar com todas as minhas forças. Decido quais momentos pedem que o tempo passe mais devagar e quais são dignos de um salto drástico. De repente me livro de todo o mal. Livro-me do som pesado e do tempo fechado; de pensamentos negativos e más influências; maus hábitos e bons costumes. Fecho meus olhos pra violência e abro-os ao meu mundo. O que começa escuro se torna minha definição de clareza. Minhas decisões tornam-se mais fáceis, as pessoas que circulam não conhecem a droga que tanto me aborrece. Meu céu é sempre azul. Meu mundo não existe. Algo me força a abrir meus olhos, a sair de onde quero ficar pra onde estou. Pisco repetidamente, mas a visão embaçada do mundo volta, o mundo confuso e sem objetivo é o real de agora. O céu fica totalmente cinza. Meu mundo não existe. Tento fechar meus olhos novamente...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

zero absoluto

    Às vezes eu queria que existisse uma câmara que chegasse ao zero Kelvin, o zero absoluto. Sabe, o zero que é mesmo zero, em que tudo simplesmente some. Que algo entrasse na câmara e pronto, desaparecesse no ar, sem possibilidade de reação com oxigênio e regeneração do corpo. Queria colocar pessoas lá dentro, problemas, provas e dilemas também. Decisões difíceis. Previsões do tempo. Inutilidades. Propagandas e horários eleitorais. Reuniões. Demissão, perigo. Inseguranças e indecisões; desilusões. Decepções, brigas e traições. Queria simplesmente me fazer entender que todos nós temos uma câmara de zero absoluto. Só depende de nós para conseguir pegar um problema e fazê-lo sumir. Liberte-se.

Queria aproveitar o final do ano, para relembrar um texto meio geek escrito no começo desse segundo ano. E, por fim, obrigada por mais esse ensinamento, Rui!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

minha chuva

    Trovoadas roncam lá fora enquanto outras trovoadas eclodem dentro de mim. Meu apetite abre, meu coração acelera e a indecisão aumenta a cada batimento. Bom seria se cada problema dissolvesse em uma gota de chuva e escorresse para longe. Para o rio, onde a correnteza o afastasse mais ainda. O único problema é o fato das chuvas serem passageiras, e a mesma água que corre pelo rio, volta para cada casa da cidade. Inclusive a que eu moro, trazendo-me todas as aflições de volta.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

princesa solteira feliz para sempre

    - E por que não me esperasse? - foi a pergunta que fizestes a ela.
    - Até a Rapunzel, reclamou da longa espera por seu príncipe. - Ela respondeu secamente. Se não percebestes, ela estava realmente cansada disso tudo.
    - E o que eu tenho a ver com isso? Você nem ao menos é a Rapunzel...
    - Por isso mesmo. Princesas tendem a ser perfeitas, eu não. Princesas sabem o certo a se fazer sempre, eu não. Princesas têm paciência para uma espera de uma vida devido a algum tipo de maldição, e eu definitivamente não!
    Tu continuavas sem entender nada, não é? Tua sorte foi que, mesmo irritada e cansada de todo aquele discurso que estava fazendo para não entenderes, ela teve a paciência de te explicar. Aposto que ela até desenharia pra ti se necessário fosse.
    - O que eu quero te dizer é que não aguento mais tudo que acontece. Eu realmente cansei dessa confusão toda e dessas decepções que continuam me assolando. Cansei de ter de ser perfeita, de correr atrás e ter de fazer tudo. Cansei de todos me olharem como exemplo. Cansei do que esperam de mim e cansei de esperar pelo príncipe que todas têm de esperar. É por isso que agora eu te digo pra ir embora, eu realmente não nasci pra essa história encantada que a vida não é. Devo ter nascido para ser uma princesa de conto de fadas feminista.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

(não) siga por ali

Esse é o momento que não vejo mais um caminho na minha frente. Nada de setas, placas ou letreiros dizendo pra onde tenho que ir e com quem devo ir. Mas também não quero mais saber de pessoas dizendo pra onde vou, a partir de agora quero fazer o meu caminho! Nem que pra isso precise sofrer para tirar obstáculos da frente. Tenho uma faca na mão e tenho que ir cortando os galhos pra fazer uma nova trilha. Mesmo cheia de reviravoltas, vou. Vou pensando em encontrar minha árvore, aquela que dará sombra suficiente para descanso. Vou cortando galhos secos para fazer minha passagem. Apenas tendo o cuidado para não cortar muito meus dedos quando cortar raízes mais profundas. Esses cortes machucam e podem fazer sangrar por um bom tempo. Mas nada que não se resolva. Dizem que o tempo cura tudo, até o que se parece tão impossível. E no final, olho pra trás e vejo a trilha que deixei. Uma trilha sem pontos escuros, uma trilha verde, cheia de árvores, que sempre estiveram ao meu lado, e que eu fiz questão de nem encostar minha faca.