sexta-feira, 23 de setembro de 2011

sem querer dizer nada

Chega uma hora em que tudo sai do lugar, nada mais se encaixa, nada mais faz sentido. O medo do que está por vir ofusca qualquer brilho de boa esperança, toda uma segurança construída desaba. O amanhã continua incerto e o ontem certamente passou. Surge o saudosismo, bate a vontade de reviver o que já foi bom. A vontade é dar um passo pra frente e correr pra trás, mas algo aqui segura mais forte, puxa e arranca qualquer possibilidade de se desistir do futuro. Uma simples voz, não querendo dizer nada, diz tudo que precisava ser ouvido. Dura pouco, porque ruídos atrapalham; memórias, estranhos, conflitos ruidosos interferem, mas nada muda, aquela voz ainda acalenta. Impulsiona. Estimula. Conquista e segura. Segura firme ao presente, faz olhar pra frente, faz ver que dará tudo certo. Tudo volta a um lugar, tudo se encaixa, tudo faz sentido. O medo ainda persiste, mas a certeza de ter aquela voz sendo ouvida devolve a segurança. Ela é a segurança.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

não me machuque mais

Pior que aguentar uma dor é se ver machucado de novo sem nem ainda ter se curado. É a esperança de ficar bem sendo jogada pra longe, é a aflição de ver tudo voltando em proporções piores, é dor. É o arranhar no quadro-negro que permanece soando aos ouvidos por longos segundos, é estremecer. Implorar para que pare já não basta mais, tem-se então a certeza que não existe um não-sentir. Não adianta mais falar, reclamações e desculpas não são mais ouvidas; não tem mais pra onde fugir, seus refúgios são os que lhe machucam; resta apenas esperar. Esperar pelo tempo que se diz curador de tudo. Esperar quanto for, sem deixar de temer que outra mágoa e outro machucado se instale no local que está tentando ser curado.