sexta-feira, 15 de abril de 2011

sem outra imagem, sem reflexo

     Chegara a hora na qual o que se mostrou necessário foi simplesmente parar de querer brincar de ser Deus. O empecilho imposto em cada tomada de decisões estava com os dias contados. Ela estava cansada de não poder mais decidir o que quer que fosse por si só. Sentia-se cada vez mais amarrada.
     Talvez fosse pelo fato de tudo ter acontecido de maneira extremamente rápida, mas o que afligia-a naquele momento era a falta de liberdade. Ela simplesmente estava cansada de ouvir sobre onde deveria estar e o que deveria fazer. O que mais queria era querer o que quisesse, não o que queriam que quisesse. Mais confuso que isso só estava sua cabeça. E sua garganta, já que muita coisa era brutalmente forçada a descer.
     O passo pensado tornou-se inevitável. Ela não exigiu que ele acreditasse no que estava prestes a ouvir, mas a imagem que ela via no começo havia se distorcido. Estava tudo congelando...
     Ele tentou apontar o dedo novamente, não sabendo que a força presente no olhar dela seria capaz de entortá-lo. Ele continuou estático, ela quebrou seu dedo com o olhar. Não bastariam mais segundas chances, ela precisava fazer com que ele visse o absurdo que aquilo havia se tornado. Ele continuou com o dedo apontado, ela apontou o espelho. Ele implorou por um "coloque-se na minha posição", mas o problema maior é que quem só consegue olhar para si próprio não merece um ponto de vista.

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