domingo, 5 de junho de 2011

barco sem porto

     O seguro sempre se mostrou o mais próximo. O tal banal porto para embarque e desembarque de novas emoções. Mas aquela instituição que sempre estava lá e que passava a certeza de que não mudaria de jeito nenhum, mudou. As paredes agora estão rachadas e o barco não encaixa mais da maneira como costumava fazer. Ele então vacila ao chegar onde deveria haver segurança.
     É nesse momento que as ondas parecem ficar cada vez mais raivosas. Agitadas e imperdoáveis, elas vêm com o intuito de virar o barco, como se isso não já estivesse se mostrado tarefa simples. O vacilo da embarcação é imperceptível para quem está longe, até porque não é a primeira tempestade sendo encarada. A evolução fez com que essa mesma embarcação se adaptasse de maneira a disfarçar seus maiores problemas, nenhum passageiro havia ficado alguma vez tão angustiado quanto o comandante. Ele nunca deixou, o disfarce era sua arma. Essa vez, porém, passageiros atentos demais notam a singela mudança, o que os deixa preocupados. A atenção dada ao comandante o faz desabar. O barco balança mais e mais, a tempestade piora e nada parece poder ser feito. A única vontade restante é de gritar o quanto aquilo está machucando e que qualquer ajuda é, ao mesmo tempo, inútil e necessária. O céu cinza e encoberto denuncia que aquilo durará por mais tempo. Toda a embarcação se pergunta por quanto mais aguentarão.

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