domingo, 5 de dezembro de 2010

um encontro

    O céu era o ponto de encontro. Melhor dizendo, o ponto de encontro parecia o céu para eles. Fazia-os sentir como se nada mais importasse, só aquele momento compartilhado. Comparava-a ao sol, sempre espalhando sorrisos por onde passava, emanando calor e energia até pros pontos mais obscuros. Sentia como se a lua estivesse com ela quando ela estava com ele, simplesmente acalmando-a com a áurea serena que passava em qualquer momento que seus olhos voltavam-se para cima. Parecia sempre tudo tão encaixado, tão feito para estar em sintonia.
    Em pouco tempo, porém, tudo se desfez. Pelo dia, nuvens encobriram o sol reluzente, fazendo daquele dia um dos que ficamos em dúvida se nosso planeta girou do jeito correto. À noite, as mesmas nuvens ocultaram o brilho da lua. A decepção de ambos foi tamanha que o sentimento se espalhou por todo céu. O pesar fez as nuvens lamentarem o ocorrido; como forma  de demonstrar tamanho arrependimento, choraram por horas e horas sem parar. Sem momento para fôlego, continuaram até a força incrível do sol fazer com que elas se afastassem. Haviam outros ali que precisavam dele e de seu calor, não podia desapontá-los e abandoná-los por um capricho sentimentalista. Era hora de ser forte. A lua, por outro lado, aproveitou a fase para sumir por uns dias. Nunca mais foram vistos juntos, completando um ao outro como sempre faziam.
    As nuvens estiveram sempre com a plena consciência de que causaram todo aquele desentendimento. Seus egos, porém, não deixavam que se desculpassem. Apareceriam uma vez ou outra, mas se sentiam tão culpadas que não tinham mais tanta coragem de ofuscar qualquer um dos brilhos. Sabiam que pelo dia todos percebiam o quanto elas podiam ser cinzas e rabugentas; e pela noite, denunciavam-se na falta dos pedaços de lua espalhados por todo o céu escuro.
    Até que um dia, quando nenhum dos dois estava muito lembrado de todo o ocorrido, as pesadas nuvens decidiram unir suas forças para a junção dos dois pólos. Apreensivas, fizeram de tudo para que seus planos se confirmassem e, exatamente na metade do caminho e do tempo, quando os dois supostamente sempre se viam de longe, as persistentes nuvens fizeram-nos um encontro. Até hoje ninguém sabe o que foi; a teoria de muitos é de que os dois sumiram juntos, enquanto outros poucos acreditam na junção dos dois em um só por um curto espaço de tempo. Cabe a você olhar para o céu, que um dia foi totalmente deles, e decidir seus destinos. Escolha entre o ápice e o obscurecimento. Batize o encontro que as nuvens sempre chamam de eclipse.

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